domingo, 29 de março de 2009

A essência é basicamente imutável. Assim se fala.
Pode até ser ofuscada, esquecida, ignorada; modificada, jamais!

É como se tudo o que corresponde ao SER fosse definido por ela. Ousaria até dizer que é quase uma questão de bagagem genética. Mas não vou arriscar nesse campo científico. Tudo por lá é racional demais. E quem mexe com as palavras, brinca, mistura, embaralha e cria, não se encanta muito com a razão. Não que "ele" não seja tão passível a pensar racionalmente como qualquer outro que assim faça, mas prefere o impulso, o pulso, as batidas, e o sangue correndo no segundo.

Todos os dias você ouve as pessoas discutindo sobre a crise financeira, a eleição do presidente dos U.S.A. (que mesmo depois de eleito não pára de ter repercussão), a visita do Papa ao continente Africano (sobre isso não vou me aprofundar; tenho algumas opiniões bem espinhosas e felinas em relação ao nosso Sumo Pontifíce. Mas sigo o velho conselho de minha sábia avó Crispina: "Religião não se põe em pauta pra discussão; não agrada, ignore. Finja-se de desentendida e leiga.") e sua "sábia" campanha de abolição aos métodos contraceptivos. E depois querem me convencer que ele sabe o que diz. Fico com minha avó índia.

Enfim, com tanta gente discutindo coisas, expressando opiniões de assuntos quase que mecânicos, alguém precisa cultivar a poesia; o ser humano tem a necessidade de ler coisas quase que utópicas. Afinal, hoje quem assiste por 20 minutos a um noticiário com opiniões prontas ou ouve alguém falar algo bonito no coletivo, pensa que já pode discutir e refutar opiniões de grandes pensadores. Não sou contra a estimulação e desenvolvimento da arte de pensar; TODO ser humano deve fazer isso. Mas sou contra a MEDIOCRIDADE. Com tantas fontes e informações ao alcance, já não se pode mais aceitar a justificativa de que não sabe de nada ou sabe muito pouco.

Voltando à essência (desculpem a fuga), é ela que caracteriza cada indivíduo.

Particularmente falando, sou ESSENCIALMENTE eu. E deve ser por isso que causo tanto desconforto e tanta sensação de bem-estar. Não sou sempre bem decidida, ou sempre clara, mas também não sou sempre confusa. Não sou sempre desconcertante, nem sempre desconcertada. Nem inconsequente demais, muito menos responsável demais. Refuto eu mesma minhas convicções de tempos em tempos para não correr o risco de congelar-me ao longo dos dias. Derrubo-as e edifico novas. Alguns entendem isso como superficialidade, ou até mesmo falta de caráter. Para mim é a rotina. E ponto!


"E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço." [Clarice Lispector]

terça-feira, 24 de março de 2009

Caí no buraco do mundo!

Não me pergunte onde podem encontrar o tal endereço, não sei. Simplesmente tropecei e caí por lá. Talvez ele nem exista e eu esteja despejando sandices aqui; ou talvez não seja acessível a todos. Não sei.

Só sei que lá posso ser poeta, cronista, louca, sã, bêbada, sóbria, filha, mãe, deusa, musa inspiradora, menina, mulher, estranha, pop, cult... Posso ser uma só. Posso ser uma legião. Depende de como você me vê, da hora, dia e humor.

Desestresso; esqueço tudo; danço do jeito que quero estando feio, parecendo esquisito. Lá ninguém está preocupado com o que você faz ou deixa de fazer; cada um por si e por todos. Vou me embebedando na alegria, não importando se momentânea ou não, sem querer prever coisa qualquer futura; adivinhar as surpresas descolore a Vida.

Na volta, me dou conta que estou de novo a me equilibrar pelo meio fio de tudo. Mas dessa vez, o medo já não incomoda, estimula. Estou indo ao extremo novamente, como de tempos em tempos faço (ou sempre?).

E agora que estou na beirada, trocando os pés de êxtase, pronta para o salto, não me segure em nome de nada.
Não queira me impedir dizendo que é muito cedo, ou que é muito tarde, ou que está escuro, é perigoso, muito alto, muito fundo, muito longe...
Se desejar ver, seja só uma testemunha neutra desta vertigem.
Porque agora é hora de abrir-me a todas as possibilidades.


CARPE DIEM!


"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro." (Clarice Lispector)

segunda-feira, 16 de março de 2009

Acordou, levantou ainda vestida de preguiça e abriu a janela.

CORES!

Seus olhos de FURTA COR estavam inquietos, e por eles, resolveu sair desdobrando esquinas, atravessando as ruas aleatoriamente, sorrindo para quem quisesse sorrir.
Distribuía "BOM DIA!" feito qualquer produto em amostra grátis, e não se importava em não receber qualquer resposta em troca: com tanta tecnologia, destruição ambiental e consumismo predatório, concluiu que, talvez, a boa convivência, a cordialidade e a simpatia também estavam na lista de espécie em extinção.

Riu dela mesma!


Passou em frente a uma multidão e parou. Um discurso, uma massa praticamente analfabeta e faminta, um homem de terno. Que falava o homem? Nada..."Blá,blá,blá; consumam até a morte!"
Olhou em volta viu os rostos contemplando o que não se entendia e percebeu que mais uma lavagem havia sido despejada, destilada. Voltou a ziguezaguear as ruas.
Falou com ela mesma, levantando os braços e fazendo continência: "Sejamos imperialistas!"

Riu novamente.

Andava, parava, seguia as placas, se perdia. Ora lançava confusões de prosódia, ora lançava uma profusão de paródia. Dialogava com ela, com as árvores, ou qualquer um que quisesse ouvir suas teses de liquidificador.
Explicou uma, duas, várias vezes. Alguns entendiam, outros fingiam, outros nem tentavam.

DESISTIU! Achou melhor fazer uma canção.

Caiu a chuva. Não abriu guarda-chuva, nem correu pra algum abrigo; se molhou.
Ouviu alguém dizer que era "coisa do Diabo". E aí a mente voltou a produzir e mirabolar teses: "Se o tal Diabo é Lúcifer, e Lúcifer quer dizer anjo de luz, então Diabo não é vilão e ainda brilha!" disse ela quase em êxtase, numa exclamção em DÓ MAIOR.
Quase foi crucificada, apedrejada com os olhares sinistros dos fanáticos. Achou melhor então, não arriscar qualquer outra filosofia complexa.

CONCLUSÃO: Só é possível filosofar em alemão!

Voltou para casa e correu para despejar nas linhas do caderno suas desventuras do dia. Poesia concreta; prosa caótica. Se perdeu por lá.
Riu de tudo. Foi louca, careta, rebelde, drogada, beata, incrédula...tudo em um só dia.UFA! Cansou. Riu novamente e decidiu:

"Não quero nunca libertar-me das paixões da Carne.
Em todos os Sentidos."

quinta-feira, 12 de março de 2009

Olhe para os lados. Agora mesmo, olhe para os lados. Ajuste tua consciência, apure a sensibilidade, abra teu coração, respire fundo... e responda sinceramente:


As pessoas com as quais você hoje convive — em casa, na escola ou no trabalho — são inteligentes, sensíveis e honestas; compreensivas, saudáveis e amorosas; livres, independentes, e cheias de entusiasmo pela vida?




— São?!

Porque, se assim não forem, responda-me:
O que é que você continua fazendo aí?

O que é que você continua fazendo aí?

segunda-feira, 2 de março de 2009

E depois de tanto alvoroço, toda essa inquietude que se fez aqui dentro; me encontro em um estado de inércia.
Um gosto amargo de uma experiência mal digerida, e uma sensação estranha de estar perdendo um pedaço de mim mas também de um certo alívio.

Fiz meu espetáculo.


Quem cai por amor à vida, cai sempre para cima!
Em nome da vertigem, toda queda tem poesia.