segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Por hoje, o simples basta...


Durante meses ela queria o texto perfeito para anunciar que estava de volta. Algo que fizesse sentido, já que ultimamente sentido é a última coisa que ela tem encontrado enquanto caminha numa calçada onde a multidão faz coro com os passos apressados. Estão todos dispersos, com a cabeça em algum lugar...
A falta que lhe fazia escrever começava a coçar, arder, incomodar. Mesmo que escreva só por capricho, ou que escreva para ninguém ler, para só um faminto, para multidões...Não importa! Sentia falta e isso era perceptível.
O problema é que tem se exigido demais, cobrado demais, criticado demais. Tem sempre uma vírgula que a incomoda, um sujeito que não se encaixa e se faz indeterminado; por vezes a história não a envolve, não incita sua curiosidade.
Tem sido difícil produzir. E não sabe o que dificulta mais: a ausência de aventuras ou o fato de estar vivendo em uma montanharrussa. Seja lá o que for, tem dificultado tudo.
Ou na verdade não seja nada disso. Talvez tudo não passe de uma fantasia que ela criou para justificar a sua indisciplina ou sua indiferença por coisas que antigamente lhe trazia doses de prazer.
Certas pessoas possuem a necessidade de inventar para suas vidas uma verdadeira tragédia. Pertubam a própria existência com escolhas duplamente mal feitas, criam ilusões de sacrifício, selecionam seus horrores mais risíveis, armam um palco para suas desgraças preferidas — e entram em cena. E não satisfeitos, ainda tentam atrair mais personagens.
O que quer que seja, seja breve! As palavras sempre a envolveram, numa espécie de campo magnético: atrai uma por uma e quando vê já deu vida a mais uma história que antes era impalpável. Não vai ser agora que uma barreira impedirá essa relação íntima.
Quer uma história emocionante, quente, arrependida, triste, reflexiva, que tenha putas e princesas, cavalheiros e cretinos. Alguma coisa que arranque o fôlego de quem a leia... Mas sempre fica em dúvida se o herói será politicamente correto ou moralmente repugnante. Não consegue decidir se o plano de fundo vai ser um dia de sol, ou se colocará nuvens cinzas pra criar um clima mais intenso...
Ela mesma poderia ser o centro; poderia pintar uma vidinha segura, pacata, certinha e normal. Quem sabe assim, por frações de segundos, não estaria tão confusa, retraída, nostálgica. Quem sabe seu músculo palpitante não reclamasse tanto pela falta de adrenalina, vamos chamar assim.
Mas tudo passaria a ser tépido, meio chato, meio apagado. Meio sem graça.
Nenhuma obra jamais supera a vivência do próprio autor. Literatura sem observação é vazia. Sem experiência toda arte só pode ser oca. Nada substitui a vida e sua sensação concreta.

Pensando nisso, decidiu recomeçar a escrever de uma forma mais simples, da forma que aprendeu a fazer, que sempre fez. Nada de estética, escola ou métrica. Se assim está certo ou errado, não faz ideia. Apenas foi depositando o que lhe surgia, o que sentia, o que fluía.
E é isso que ela relata aqui.




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A todos que estiveram por aqui procurando algo novo, aqui estou eu. Gritem aos quatro ventos que estou de volta.
Senti muuuuuuuuuuuuuuuuito a falta daqui. Estive relapsa esses meses, mas estou de volta.
Cheiro a todoooooooooooooos