sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Eu, rio


Irriga-me o desejo com a lascívia que mora em sua língua, homem, e eu, mulher, serei rio em teus lençóis.

Saudade

Cerrei os olhos por segundos e a sensação da qual estava correndo me tomou: a boca secou, as mãos tremeram, suor na testa, pernas bambas e pulsação acelerada...

Maldito seja, ó músculo bandido. Batucas tanto pra no fim ficar apertadinho de saudade. Vê se pode uma coisa dessa Maria?

Menino vem cá

Vem, vem pra perto menino
Não se acanhe em pedir colo.
Vem, deita cá ao meu lado
E eu te mostro, menino, que é possível abraçar o mundo
Eu te mostro como é largo o meu afago.

Brevemente...


Me fazer em gotículas depois de condensar minha alma.

Ô Iaiá, é verão!

Ô Iaiá, espanta esse olhar saudoso e corre pra areia, pra pertinho do mar; deixa ele lamber teus pés e recuar satisfeito.
Corre Iaiá! Desfaz-se já dessa melancolia! Veste as cores quentes e mostra esse sorriso largo que tens.
Porque tens uma alma quente, um músculo involutário oco e ao mesmo tempo cheio de samba e avidez de vida, conhecimento; de amores.

Corre, se achegue Iaiá, ainda é verão! Traz um sorriso quente e cai na roda de samba.
Vem que tu és filha do tempo.

A testemunha mar




O silêncio fazia nó na garganta e os lábios estavam involuntariamente trêmulos.
Sua respiraçao era um pouco ofegante acompanhada de um sorriso tímido e nervoso. As mãos suadas tremiam levemente ao segurar as minhas. Cerramos os olhos e foi com a memória do tato e do cheiro que construímos aquele instante: te li e te marquei em mim com as mãos.
Fazia todo e nenhum sentido estar ali e o mar era testemunha muda.
Cantei-lhe uma cantiga, em segredo, para que teus ouvidos sempre recordassem minha voz.
Ensinaste a mim, meu menino, a sorrir sem ser escravo de motivos e me embebedaste com seu sorriso constante.

Foi nesse momento então, entre sussurros, segredos e risos, que meu coração malandro compôs um samba, um batuque acelerado e a noite se fez apoteose: me tomaste em teus braços e trouxe o seu peito, que também batucava, pra perto de mim; seus braços transbordavam um aconchego que me aqueceu e me satisfez.

Nossas bocas segredaram algo na língua de Neruda.

E o mar era testemunha surda.